sábado, 29 de dezembro de 2018

2019

2018 está terminando. Neste ano tivemos a efeméride dos  200 anos de Marx, comemoramos 170 anos do Manifesto Comunista. E o velho barbudo parece estar mais em alta do que nunca. Pelo menos do ponto de vista de seus detratores. Na ultima eleição presidencial novamente vimos o espectro do comunismo assustar os brasileiros. Mas que comunismo? De quem tem medo os brasileiros que foram às urnas apostar em um projeto reacionário e neofascista tão somente porque ele seria a opção para combater o comunismo?
Já tem algum tempo que a direita brasileira vem flexionando os músculos e apontou como inimigo o mesmo para o qual voltou suas baterias em 1964: o comunismo.
Mas, estamos em 2008, por isso o inimigo precisava de uma nova roupagem, afinal não existe mais uma União Soviética tramando a dominação mundial. O que fazer então? Os ideólogos dessa nova direita (gente preguiçosa, que não lê nem mesmo os clássicos do pensamento conservador, que dirá Marx e outros), alardearam o marxismo cultural como a fantasia da vez utilizada para destruir a família, arrasar Deus e deitar ao chão as bases da nação brasileira.
Muita gente boa acreditou nessa lorota. Combinado ao fetiche de andar armado e uma tendência ao autoritarismo tão presente na alma do brasileiro temos os ingredientes que ao meu ver ajudaram na vitória eleitoral do fascismo.
E porque a aposta da elite brasileira no neofascismo? Ora a burguesia brasileira não comprou a ideia do perigo comunista. Sabe que não há nada parecido no horizonte. Ela auferiu lucros enormes com os governos petistas. Ela conhece a estrutura de poder, pois ela o pensou e o edificou.
O que acontece é que os donos do poder já não podiam aceitar que mesmo as migalhas que caíam da sua farta mesa fossem atiradas para a base da pirâmide. A crise estrutural do capital exige que se ampliem a exploração dos trabalhadores e que mesmo o frágil pacto social montado após a ditadura e que permitiu um sopro de direitos sociais para os trabalhadores e o conjunto da população brasileira.
Em 2017, o governo Temer foi derrotado pelos trabalhadores e não conseguiu implementar a agenda de deformas que a burguesia o incumbiu de aprovar. Era preciso minar a resistência e a organização dos trabalhadores. Isso justifica o apoio ao fascismo.
Tal como na Itália e na Alemanha no entre guerras, o neofascismo vai buscar arrasar os sindicatos e as centrais sindicais, minando a organização da classe trabalhadora. Combater o fascismo vai demandar unidade de todos os lutadores. é uma luta de vida e morte, pois uma vez liquidados os sindicatos, vão ser tratorados os direitos.
Criar o medo do comunismo e identificá-lo com os que se organizam para lutar. Criminalizar a esquerda pela corrupção crônica do sistema. Some-se isso ao exacerbamento do individualismo, o culto ao empreendedorismo, a propaganda neoliberal que identifica o estado e os direitos com os males e o mercado como a solução de tudo, em meio a uma classe média eu se ressente de não conseguir mais se diferenciar da massa de trabalhadores, da qual sempre se acreditou separada, e temos o ambiente propício para que o pulule o neofascismo.
Mas estamos aqui. A existência de camaradas que continuam escrevendo, questionando, reunindo, entre outras atividades, mostra que a organização da classe vai continuar. 2019 vai ser de muita luta!