terça-feira, 24 de março de 2020

As voltas que o mundo dá

A terra é plana! Gritava o senhor careca, barbado e usando suspensórios. Olhei ao redor, tentando confirmar que estava no meio de algum stand-up comedy sem graça. Para meu pânico não estava. Por muito tem acreditei que não havia discussão séria sobre o formato da terra. Afinal, fizemos circunavegações do globo, colocamos homens na lua, rodeamos a terra com espaçonaves, satélites, enfim, nunca antes uma geração de seres humanos poderia ter a certeza tão absoluta da esfericidade da terra. 
De repente começaram a chegar em minha caixa de e-mails uns anúncios de vídeo bem estranhos, de gente que se propunha a questionar isso ou aquilo, desmascarar a tal conspiração e dizendo que a terra era plana. Achava brincadeira sem graça. Depois fui me preocupando e hoje, reconheço, estou apavorado com a quantidade de pessoas que nega todas as evidências e diz, sem sombra de dúvidas que a terra é plana. 
Voltando ao senhor, do qual falei lá no começo: o conheci em nossa maior metrópole, em uma das livrarias mais conhecidas da capital paulista. Falava rápido e sobre tudo. Uma metralhadora giratória, municiada com as mais pesadas teorias da conspiração. Terra plana era fichinha, em meio ao arsenal. 
E por que, perguntei a ele, governos, cientistas, enfim, tanta gente, queria esconder para a população que a terra, na verdade é plana? Me respondeu uma palavra: Ateísmo. 
Senhoras e senhores, a única coisa que fazia aquele homem defender a mirabolante história da terra plana era a religião. Medieval. Mentalidade medieval... Nosso modernidade, nossa sociedade agitada em constante transformação, vê nascer em seu seio homens e mulheres que cada vez mais pensam como se ainda vivessem em plena Idade Média. 
 

segunda-feira, 23 de março de 2020

A economia ou a vida?

É um absurdo que neste momento de grave provocada pela Pandemia do Covid-19 a burguesia brasileira esteja se movimentando para um ataque maciço aos trabalhadores brasileiros. 
O governo arreganha os dentes e usa a luta contra o Coronavírus, para, por Medida Provisória, suspender contratos de trabalho e fazer as relações de trabalho tornarem-se em verdadeira semi-escravidão. 
Cortes nós salários para preservar o emprego. Proteger a economia. A única forma de preservar os mais pobres é beneficiando os empresários. Essa é a cantilena que estamos ouvindo há anos. Com a diferença que ninguém mais, no mundo, repete esse mantra. Só a elite assassina brasileira. 
A que deseja suspender as medidas de isolamento para tentar salvar a saúde das economia, a qual, todos sabemos, já ia bem mal, antes da Pandemia. 
Aí no momento do isolamento, da quarentena, o trabalhador se vê tolhido de sua renda. Quando mais precisa de tranquilidade vê sua sobrevivência colocada em risco. ABSURDO! 
Precisamos nos defender do vírus, do governo e do grande capital que desejam nós matar. Esquecem do básico: sem pessoas, não há economia alguma. 
Precisamos defender os ganhos do trabalho e não do capital.
Por isso são necessárias medidascomo as que já estão sendo implementadas pelo mundo, tais como: suspensão dos aluguéis, das taxas de agua e luz, corte dos impostos sobre o consumo, programas de renda básica para os mais pobres e pagamento de parte dos salários dos trabalhadores pelo Estado, a taxação de grandes fortunas, entre outras medidas.
Sei que os liberais de meia pataca brasileiros piram ao ouvir essas medidas. Mas elas são necessárias. Diante do desmonte realizado no mundo nos últimos anos, é preciso urgentemente retornar a um modelo mais humano, que aborde os problemas sobre um prisma responsável e de índole coletiva. Não há salvação individual neste momento. A solução deve vir de todos nós, enquanto sociedade. 
O momento é de vislumbrar que as vidas, as pessoas são mais importantes do que o enriquecimento de alguns. A pressão por mudanças deve ser prioridade. É a única forma de impedir o desastre. Construir um pacto social em que a economia estava a serviço das pessoas e não o inverso. Não podemos ir para as ruas agora. Façamos barulho das janelas e nas redes sociais! #QuarentenadeLuta