terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Uma fábula

Não lembro onde ou de quem ouvi essa história. Mas vou compartilhá-la aqui, porque ela vem a calhar com o momento. A Savana é habitada por diversas espécies de animais. Alguns enormes, outros minúsculo. Dentre esses havia um leão. Uma fera para não se colocar


defeitos.

 Certo dia, cansado, deitou-se sob uma sombra para dormir. No entanto não conseguia. Uma mosca zumbia e zumbia sobrevoando sobre sua cabeça. Furioso saltou sobre ela, que pequenina escapou, mas continuou fazendo piruetas no ar diante do animal que tentava pegá-la, mordê-la, acabar com ela. Divertida, por estar incomodando incólume um leão feroz, continuou por horas até que, cansada, deixou o leão e se foi para outro lugar. 

Cheia de si, a mosca foi procurar outras moscas para contar sua peripécia. Ia tão feliz, alegre, que não atentou para a teia de aranha em seu caminho. A mosca destemida que fustigou um leão a tarde inteira, tornou-se o jantar de uma aranha despretensiosa que adorou ter uma vítima cansada, sem forças para se debater tentando fugir de sua teia. Reflitamos sobre quais são os verdadeiros desafios que devemos enfrentar. Não adianta atacar quem não é seu inimigo, e acabar sendo tragado por aquilo que realmente te ameaça

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Passeio matinal

 Hoje, meu pet me acordou às cinco e meia. Depois de alguma insistência me levou para passear. Seis da manhã. Ninguém na rua. Um ou outro automóvel passando veloz. E eu seguindo um cãozinho pela manhã a fora. 



Esse ritual repete-se todos os dias. Com sol, com chuva. No calor ou no frio. O carinha acorda e nada o faz ficar em casa. Então andamos por aí. Vemos o bairro acordar. As pessoas saindo tímidas de casa, olhando para um lado e outro da rua, para, resignadas, partirem para seus destinos. Alguns saem correndo. Atrasadas talvez. A todos o Ben, meu personal dog trainer, observa atentamente, como a tentar descobrir pra onde vão. 

Passamos pelas padarias, sentindo o cheirinho da próxima fornada de pães, vendo clientes e atendentes se cumprimentando, na mesma rotina, dia após dia. Penso no eterno retorno de Nieztche. Esse sou eu, quando não ponho poesia em tudo, vou colocando pitadas de filosofia. Um puxão do meu amigão me traz à realidade. Atravessamos a avenida para que ele possa “marcar o território”. 

E assim seguimos, de uma amenidade a outra. Pra nós, seres humanos, qual a importância disso? Quase nada. Evitar sujeira pela casa, consequência número um de não ter o passeio matinal. Mas, para o Ben, esse passeio matinal é essencial. Não fazer é quebrar os fluxos diários e isso retira sua segurança. 

Então seguimos. Ele à frente, eu atrás da guia. Às vezes uma ou outra confusão, vem dar cores de comédia a esse espetáculo trivial. Como da vez que tive que pôr o Ben no colo para fugir de um cachorro enorme que o meu pequeno maltipoo resolveu provocar.

Concluímos nosso passeio e voltamos para casa. Ele pula no sofá e quase que instantaneamente volta a dormir. Quanto a mim, chegou a minha vez de executar minha rotina, os rituais diários que a sociedade moderna exige de nós, para nós considerar saudáveis, produtivos e participantes. Mesmo que nenhuma dessas três coisas seja algo além de uma grande farsa…

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Das coisas que cá eu vi e que nunca ia imaginar

 Cearense de muito vagar, pude andar pelos mais diversos lugares. Do meu Ceará mesmo, andei por muito canto. Estive nas cidades mais secas dos sertões semiáridos. No Brasil enfrentei o calor do Centro-Oeste, mas confesso que nada me preparou para o calorão úmido de Pelotas. Brincando, no verão, tomava 40° e tantos graus com sensação de 50°... Gente, por favor! Falamos que Sobra ou Juazeiro do Norte é quente, mas sensação de 50°, nunca experimentei no Ceará. 


E ficamos ainda mais chocados, porque lá no Nordeste a gente imagina essa terra aqui, como sendo de clima ameno, com temperaturas baixas no inverno. Mas a amplitude térmica é de deixar qualquer um maluco. E isso aí não é tudo. para além da sensação de calor ainda tinha aquela sensação de Game of Thrones: sempre que conversávamos com alguém sobre o calorão, já vinham dizendo; quando o inverno chegar, aí você vai ver... Semore isso! The winter is coming! 

E mais uma coisa: a gente o Nordeste imagina que aqui é tudo muito ligado aos imigrantes, alemães, italianos, e tal, tal, tal. Mas você chega e entra em contato com uma cultura muito forte e totalmente invisibilizada para fora do estado que é a cultura negra do Rio Grande do Sul! São manifestações culturais poderosas e que tomam conta das cidades. Os cultos afro, aqui ganham as ruas, as oferendas, diferente do que vemos no Ceará, tomam conta dos espaços urbanos com suas cores e seu clima de fé. Para quem conviveu com parte da família sendo adepta de cultos afro-brasileiros, mas escondidos, devido ao preconceito no Ceará, aqui foi uma grata surpresa ver como essas religiões tem seus espaço e como seus adeptos se orgulham delas. 

Essas são duas coisas marcantes que a gente nota e que surpreende quando chega aqui. Tantas diferenças, tantas semelhanças. E ainda estou aprendendo, Sempre.