quarta-feira, 23 de maio de 2018

Uma Justa homenagem: Auditórios da UFCA recebem o nome da Beata Maria do Araújo e de Bárbara de Alencar

Auditório Beata Maria de Araújo
    Esta semana fomos surpreendidos positivamente pela divulgação dos nomes dos auditórios da UFCA. Fruto de um processo democrático, tanto na proposição dos nomes, quanto na escolha dos mesmos por meio de Consulta Pública, a escolha do nome de duas mulheres fortes, figuras marcantes da história do Cariri. O miniauditório, na sala 89 no bloco E recebeu o nome de Bárbara de Alencar, revolucionária, a primeira presa política brasileira, por sua atuação contra os desmandos e o absolutismo monárquicos.
A Auditório do Bloco H, ou o Novo auditório, como era mais conhecido, ou ainda o auditório grande recebeu o nome de Beata Maria do Araújo, a protagonista do milagre da hóstia, que diferente do Pe. Cícero, foi legada ao esquecimento, por ser uma mulher negra, pobre, do interior do Nordeste, que ousou contrariar os interesses das hierarquias religiosas de sua época ao afirmar sua comunhão com o divino por fora das normas da igreja.
Duas mulheres, duas “transgressoras” da ordem constituída, homenageadas em uma instituição de Ensino Superior, que precisa desesperadamente, nesses dias
TEMERosos, ser também transgressora se desejar continuar a realizar a inclusão social e o desenvolvimento sustentável em um território, como o semiárido cearense, que durante anos foi legado ao esquecimento pelos formuladores de políticas públicas.
Auditório Bárbara de Alencar
Que o nome dessas duas mulheres possa inspirar formas de resistência a cada camarada participante da comunidade acadêmica, seja professor, técnico, terceirizado ou estudante.
Bárbara de Alencar, Maria de Araújo, Marielle e outras mulheres que ousaram não se alinhar, estarão sempre presentes! Continuemos lutando por mais igualdade, por mais justiça social e por mais educação superior pública gratuita e de qualidade para o povo trabalhador do Brasil!

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Os caminhos que nos trouxeram aqui ou porque todo mundo devia saber um pouco sobre Custo de Oportunidades

Ano passado, quando fui assistir Lalaland nos cinemas, achei que tinha entrado em uma roubada, tipo, estou indo assistir um indicado ao oscar, que deve ser só mais um enorme romance piegas. Fui surpreendido. Desde a monumental abertura, até o final, tão pouco convencional em uma produção norte-americana.
Muitos amigos execravam o filme pelo fato dos protagonistas não terem ficado juntos. Mas, ali, naquilo que eles viam o pecado do filme eu via a sua maior virtude. Ambos realizaram seus sonhos, uma tornou-se a atriz famosa que sempre sonhara, o outro conseguiu abrir o bar pelo qual batalhara a vida toda! Em um mundo em que os sonhos não passam de fantasias, eles realizaram os seus. Mas isso teve um custo. Um custo que, a julgar pelo sorriso de ambos eles julgaram adequado. O custo foi o de perderem um ao outro.
A sequencia que mostra como teria sido a vida de ambos se não tivessem aberto a mão um do outro é um exercício de imaginação criativa que devia ser feito por todos nós! Como seria nossa vida se tivéssemos tomado uma outra atitude? E mais, valeu a pena? A decisão que tomamos e que moldou nossa vida e nos trouxe até aqui foi a mais acertada?
Em administração nos temos um conceito que chamamos de custo de oportunidade. Já ouviu falar? Trocando em miúdos e deixando bem simples, o custo de oportunidade é um benefício perdido por causa de uma determinada escolha. Pra deixar mais claro, vamos com um exemplo simples: você vai ao cinema: em cartaz dezenas de filmes, com posteres atraentes, críticas positivas  e por aí vai. Podes assistir apenas um. Você escolhe assistir, sei lá, uma comédia francesa, porque você quer fugir dos enlatados americanos. Todos os demais filmes que você deixou de ver integram o seu custo de oportunidade. Emoções, sensações, alegria ou tristeza, prazer ou dor, você deixou de ter ao escolher assistir o seu filme.
Como o exemplo acima, assim é tudo o que fazemos na vida. Abrimos mãos de certas coisas por outras a todo instante. O problema é que muitas vezes fazemos isso sem nos dar conta do que estamos perdendo. É impossível que tenhamos tudo o queremos. Não dá pra desfrutar de todas as coisas boas e nem evitar que certas dificuldades nos encontrem. Mas precisamos raciocinar sobre nossas escolhas e minorar as perdas. Não podemos simplesmente nos entregar ao acaso, jogar a moedinha pra cima e torcer pra que ela caia com a face boa voltada pra gente.
Conheci minha esposa em uma noite de Natal. No dia seguinte tivemos nosso primeiro encontro. Um jantar. Dois desconhecidos, sem praticamente nada em comum a não ser uns poucos conhecidos, jantando em um rodízio de massas em uma noite quente de dezembro. Não parecia muito promissor. E o que nos salvou? Passamos a noite falando sobre custo de oportunidades! Ela encantou-se com a ferramenta. E posso dizer que a concepção da mesma é tão interessante que serviu de mote pra muitas conversas depois disso. E posso dizer que, analisando os custo de oportunidades, fizemos, ambos, uma boa escolha.
Mas voltando ao assunto, acredito ser necessário que todos possam conhecer um pouquinho que seja sobre o assunto. Ajuda muito. Nos negócios, nos romances, na vida. Da próxima vez que estiver diante de uma escolha, procure pensar um pouco sobre o que vai perder ao abrir mão de cada opção
que estiver diante de você.


terça-feira, 1 de maio de 2018

Sobre o prédio do largo Paissandu: a especulação imobiliária destruindo vidas na maior cidade do país

Notícias do desabamento do edifício ocupado por sem tetos no Centro de São Paulo enchem as redes sociais. Suspeitas de incêndio criminoso. Mortos, feridos e desabrigados. O vai e vem de políticos buscando angariar simpatia e os holofotes da mídia, que como abutres buscam a imagem perfeita, mas não o âmago da história: a saber a brutal desigualdade que deixa milhares de famílias sem local para morar tendo que se virar debaixo de viadutos, em parques, praças, sob sol e chuva. Parece que dignidade é algo que só pode ser desfrutado por uns, enquanto outros devem silenciar enquanto lhe são retirados direitos e até mesmo a própria humanidade.
Independente de o incêndio ter sido ou não criminoso, existe sim um responsável, ou mais de um: a especulação imobiliária, pela qual, um prédio se deteriora e fica sem condições de habitação, simplesmente para que possam colher lucros com ele. A omissão do poder público, que permite que os especuladores deem as cartas e o sistema capitalista que deseja transformar tudo e a todos em mercadoria e fazer das relações humanas simples acessórios para as relações comerciais.
Reduzir tudo aos frios números dos lançamentos contábeis é uma forma de retirar nossa humanidade. Essa logica que nos escraviza, não deseja que vejamos, nos demais oprimidos, nossos irmãos.
Precisamos identificar quem são os nossos inimigos e estender as mãos aos demais explorados por essa sociedade para que lado a lado possamos não apenas combater, mas vencer a burguesia e seus aliados.
Choremos nossa dor pelos que tombaram, sempre! Recordemos deles e nos esforcemos para os soluços de tristeza possam se tornar os brados de revolta que marcarão a retomada das lutas dos trabalhadores e de todos os oprimidos!
Paz entre nós, guerra aos senhores!