Entre 2017 e 2018, escrevi algumas crônicas que foram Publicadas do Jornal do Leitor do O Povo, jornal aqui de Fortaleza. Hoje estava revendo esses textos e resolvi compartilhar aqui, para todas e todos! Espero que gostem!
CHUVA
O vento frio me envolveu
e me arrepiou os cabelos. O céu escureceu. Em poucos tempos, para continuar a
trabalhar, tive que acender as luzes da sala. O cheiro de terra molhada inundou
a casa e me fez recordar da minha infância.
Um alpendre, um lençol
velho e puído, eu enrolado nele, no fundo de uma rede, escutando o plicplic
incessante das gotas d’água da chuva no telhado. Adormecia embalado por esse
som e esse cheiro e sonhava, sonhos de uma infância tranqüila e alegre.
O cheiro de chuva era o
cheiro de felicidade. Felicidade de dormir embalado pela frescor das noites
chuvosas ou a felicidade ainda maior de banhar-se nas biqueiras das casas, nas
poças das ruas, inventando mil e uma brincadeiras com a meninada do bairro.
QUEM SOMOS?
Um homem não se banha no mesmo rio duas
vezes, diz o filósofo, afinal, nem o rio é o mesmo, nem o homem é o mesmo.
Somos seres em constante formação. Transformação. Coisas de que gostamos hoje, abandonamos
sem remorso amanhã. Outras que não suportávamos acabam encontrando espaço em
nossas vidas e por aí vai. Por que? Porque temos a capacidade de aprender. De
nos adaptar. De transcender nossos próprios limites e seguir em frente.
Somos seres humanos. Somos imperfeitos.
Muitos de nós crescemos ouvindo que Deus criou o homem a sua imagem e
semelhança, mas na verdade o homem criou deus a imagem e semelhança do que ele
sempre sonhou ser! Fomos capazes de criar, imaginar e sonhar outros mundos,
promessas e poderes a nós impossíveis, mas desde que colocadas nas mãos de uma
divindade, poderiam estimular uma busca que nos faria avançar, mover-nos do
lugar e nos transformar em seres melhores do que éramos no início da jornada.
Se não gostas de quem és hoje, mude. Se gostas, não te acomodes, pois neste
mundo, mesmo as rochas mudam sob a ação das intempéries.
ESCOLHAS E SEUS CUSTOS
Às vezes a ciência é tão bela
quanto a poesia, ou até a supera... O modelo de universos paralelos é baseado
em princípios da incerteza quântica, sugerindo que todos os desdobramentos
possíveis de um evento acontecem, mas nós vivemos apenas uma dessas sequências.
Ei, isso não é filosofia, é física! Mas te põe para pensar um bocado, hein?
Neste universo, em que nossas
vidas são moldadas pelas escolhas que fizemos, o que nos resta é nos adaptarmos
as consequências e se for o caso minorar, diminuir os efeitos negativos
advindos de escolhas que se mostraram equivocadas.
Por isso, quando estava na
graduação fiquei encantado com um conceito que estudei e que acredito ter, tal
como o multiverso e suas ramificações para a física, um quê de filosófico na
administração. Se você já estudou administração já deve ter se deparado com
ele. Estás diante de uma escolha, deves seguir apenas uma das possibilidades
disponíveis, o que você faz? Tenta estimar o Custo de Oportunidade! O que
perdemos ao abandonarmos a opção A e escolhermos a B. O que deixamos de ganhar
ao escolher a A em detrimento da B. Depois de ter realizado essa estimativa,
pergunte-se: Vale a pena?
UM DIÁLOGO
“Ela
é linda!”
“Mas
não é pro teu bico!”
“Por
que não?”
“Por
isso, por ser linda! Uma mulher assim nunca, nunca iria se encantar por você.”
“Ah,
me deixa sonhar...”
“De
jeito nenhum, todas as vezes que eu me omito você enfia os pés pelas mãos e nós
dois pagamos o pato!”
“Você
já pensou em, um dia, só um diazinho, em me ajudar um pouco? O resultado
poderia ser diferente.”
“Não
vale o risco. Se comigo me opondo, você já faz o que faz... Anda esquece, vamos
seguir adiante.”
Se
todo diálogo entre o coração e o cérebro fosse assim, quanta dor não teria sido
evitada? Mas ao mesmo tempo, quantas obras maravilhosas nunca teriam sido
realizadas, quantos livros não deixariam de ser escritos e quão insípida seria
a nossa vida. Porque até quebrar a cara por amor é algo doce... Arrisque-se!
QUEM DERA SER POETA
Quem me dera ser poeta
para falar das belezas que enchem nossas vidas tal como se fossem divinas. Mas
Deus não me fez artista, eu é que, de gaiato, me fiz cronista, e jogo no papel
estas mal escritas linhas.
Sem metro, sem verso, sem
atentar às regras, colocando aqui e ali umas rimas, afinal quem que liga? Desde
que eu possa escrever, que alguém possa ler e, quem sabe, gostar...
Então deixe-me falar de
beleza. Da beleza de um dia de chuva, que molha o sertão de alegria, deixando a
vida mais verde, enchendo o céu da mais perfeita melodia. Isso sem falar da
água, que escorre pela terra e pela face do sertanejo que aguardara ansioso
essa dádiva tão querida;
Me deixe falar do luar,
que banha de luz prateada a toda a nossa vida e, por fim, me deixe falar da
beleza de tantas e tantas coisas mínimas, por exemplo, um sorriso, um olhar ou
até mesmo um suspiro, que nos enlevam o coração e nos dão força para seguir na
lida.