terça-feira, 30 de maio de 2017

Brasília, 24/05/2017

        Eu estive lá! No momento em que os trabalhadores iniciaram a mudar sua postura e passaram a acreditar que era possível, sim, vencer as reformas e os golpistas, eu fui testemunha! No momento em que as ruas de Brasília, planejadas para fluxo do poder, foram tomadas pelos trabalhadores questionando esse mesmo poder eu participei! E de certa forma podemos dizer que este ascenso que se inicia será fundamental para a dinâmica da luta de classes dos próximos anos. 
        O atual governo, conduzido ao poder por um golpe parlamentar, envolvido em atos de corrupção, encontra-se enfraquecido. Apenas a normalidade constitucional o mantém onde está. É preciso que os trabalhadores, por meio de suas lutas possam quebrar essa normalidade e derrubar o governo, para que possamos derrotar de uma vez por todas a ofensiva burguesa que deseja acorrentar a classe trabalhadora na miséria e na falta de direitos e perspectivas.  
            Por isso é tão importante que após termos colocado esse governos nas cordas e praticamente termos colocado seus mandatários em pânico, que juntos, movimentos sociais, centrais sindicais e a juventude possamos convocar uma grande greve geral para que possamos assestar o golpe definitivo, ferir de morte o projeto burguês e recuperarmos todos os direitos que buscam nos tomar. 
            Não é uma tarefa fácil. Há que se lutar contra as tendências traidoras, que apostam numa transição parlamentar para crise, ou que jogam suas esperanças para as eleições. Hás as correntes auto proclamatórias que em sua busca por mostrar-se revolucionária, acabam por desconstruindo a unidade da classe tão importante em nossos dias, uma vez que foi conquistada a duras penas e ainda assim é tão frágil! Estamos diante de uma classe desmobilizada por 13 anos de governos colaboracionistas. É preciso educar essa classe nas lutas, mostrar do que ela é capaz e como a prática da luta pode levar a vitória!
             Brasília tremeu sobre os pés de mais de 150 mil trabalhadores e estudantes de todo o país. Foi um dia histórico. O dia em que a classe trabalhadora recuperou sua capacidade de sonhar e, maios que isso, recuperou sua confiança em sua força. Ainda há um longo caminho. Mas que bom que já nos colocamos em marcha! Será nas ruas que derrotaremos os golpistas e suas contrarreformas!
                         Rumo à greve Geral de 48 Horas! Eleições Gerais Já! Nenhum direito a menos!
     

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Contadores de histórias

     Já parou para pensar que nós todos somos contadores de histórias? Em um momento ou outro de nossas vidas vamos ficar diante de uma plateia e empreender uma narrativa: uma piada, uma história do cotidiano, o motivo que o fez chegar atrasado ao trabalho ou à escola e por aí vai. 

     Algumas dessas histórias serão verdadeiras, outras serão produtos de nossa imaginação, inclusive algumas serão mentiras deslavadas, mas o fato é que cada ser humano terá necessidade de narrar e vai fazê-lo. É algo ancestral, primitivo, antes mesmo de inventar a fala, com seus gestos e grunhidos, os primeiros homens já contavam suas histórias, aliás, acredito que foi a necessidade de contar essas histórias, sobre lugares onde poderiam encontrar, água e comida abundante, que levaram a invenção da fala. 

   Mas nunca antes contar histórias foi algo tão refinado quanto na época atual. Os bons contadores de história ganham a vida com isso: vendedores, políticos, pastores, padres, uma gama enorme de pessoas ganha a vida contando histórias, montando fábulas, fabricando quimeras ou simplesmente enredando os outros em grandes mentiras.
  Temos ainda a grande contadora de histórias: a TV, e seu antecessor, o cinema. Invenções humanas que tem levado histórias, muitas vezes nascidas na aurora dos tempos, aos mais diversos locais e pessoas. 
  Como disse no início, somos todos contadores de histórias, uns são bons e prendem a atenção de quem os escuta até o fim. Outros são maus... há os esforçados e há os preguiçosos, mas todos contam histórias. Que histórias você tem a contar?

domingo, 14 de maio de 2017

Reinventando as igrejas.

        Uma das passagens mais emblemáticas da Bíblia, para mim é Jó 42:12. Nela, ao ser confrontado pelo próprio Deus, Jó diz uma frase carregada de emoções e também de sentidos: "Antes eu te conhecia só de ouvir falar; e agora meus olhos te veem."
         Devo dizer a todos que essa frase resume a vida da maioria dos religiosos dos dias atuais. Estão cheios de conhecimento do sagrado, do divino, mas não por terem uma experiência pessoal, única com deus, mas porque receberam informações de seus sacerdotes, ouviram uma palestra participaram de um culto. Muitos acreditam ter tido um contato com deus porque durante a celebração encheram-se de emoções, ou por terem seus problemas, a sua vida, revelados por uma profecia e por aí vai. Todos tiveram que ter um intermediário, alguém que fosse o catalisador. E isso acontece até mesmo com os líderes de grandes congregações e igrejas.
        Voltemos a Jó. A história, embora absurda é vista por muitos não como uma metáfora ou como um conto sapiencial, que deve dar lições ao homem. Para muita gente o livro de Jó traz uma narrativa histórica. Não entrarei nesse mérito. Quero chamar a atenção para o fato de que um deus que é apontado como justo, bondoso e etc, por um simples capricho, resolve provar a Jó, tomando-lhe tudo o que possuía: riqueza, bens, família e mesmo a saúde. Um deus que sabe de todas as coisas precisou transformar a vida de alguém que não fizera nada de errado em um inferno, apenas para mostrar a Satanás que Jó era fiel! Faz sentido? Pra mim não! Por isso digo é uma história absurda. Mas sigamos. Informados do infortúnio de Jó, seus amigos vão até ele para consolá-lo. O que se desenvolve então são uma série de discursos, de falas empoladas, sobre deus e seu caráter e ainda a busca por eles de uma resposta de porque tantos males sobrevieram sobre Jó: Para seus amigos só podia ter uma resposta: Pecado! Mesmo um inconsciente pecado, era o que trouxera Jó a essa situação de tanta dor. Jó retruca apresentando-lhes a sua justiça. Ao fim das falas deus aparece a Jó e lhe fala. E esse o contexto da citação de Jó que usei no início desse texto.
        Pouquíssimas pessoas conhecem a deus. Poucos tiveram uma experiência real com ele. E quem conseguiu, pode estar certo, não estava em uma congregação em meio ao incenso e aos cantos. Quem conseguiu uma experiência real com deus, estava ao lado dos oprimidos, estava lutando para dar dignidade e humanidade para aqueles aos quais o capitalismo lhes negou tudo, até mesmo a individualidade.
        Jesus, um camponês da Galileia, teve essa experiência, quando desprezando a hierarquia do templo judaico, realizou curas entre os pobres e humildes, teve essa experiência ao partilhar a mesa com aqueles que a pureza ritual de uma religião excluía: pecadores, prostitutas, ladrões e muitos outros. Este Jesus, bem mais interessante que a fábula cultuada hoje nas igrejas, teve em seu tempo uma postura revolucionária e foi essa postura que fez a gente humilde com quem ele convivia identificar nele o emissário de Deus, o Messias, um ser divino. Fica aqui outra lição: não sou eu que proclamo que tive uma experiência com deus, mas sim aqueles que viram em mim esse deus, esses sim é que reconhecerão isso.
        As igrejas precisam se reinventar. Abandonar seus tronos, seus trajes luxuosos e deixar de serem promotores da desigualdade, lacaios do capital, para estarem a serviço de algo bem maior que suas vaidades: a instauração de justiça social, da igualdade entre os homens e a denúncia incessante dos que procuram ampliar as cadeias em que jazem encarcerados os excluídos, a saber: o machismo, a LGBTfobia, o racismo e muitos outros. As igrejas precisam marchar junto com os trabalhadores para que já agora e não em um mundo vindouro, o paraíso possa ser instalado aqui  na terra, pelas mãos dos que produzem!

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Mateus 25:34-40

terça-feira, 9 de maio de 2017

Vamos acabar com a festa!

       Continuem com a sua festa! Vistam as camisas verde-amarelas e junto com elas deixem a mostra seus preconceitos de raça, classe e gênero! Desfilem pelas ruas despertando o asco dos excluídos da vossa comemoração, o nojo dos que trabalham para lhes proporcionar vossos luxos, e que para vocês são invisíveis! Festejem e comemorem, enquanto acham que venceram. Não é a vocês que pertence a palavra final. Nós, trabalhadores ainda temos algo a dizer. 
       Apesar da sua mídia, ainda pensamos;
       Apesar da sua ganância, ainda vivemos; 
       Apesar da sua polícia, resistimos;
       Apesar do seu ódio, venceremos!
      Nós, trabalhadores, nos levantaremos e arrancaremos de vós esse sorriso e tomaremos de volta nossos direitos e juntos a todos os explorados, poremos um fim a esse sistema de exploração, violência e miséria! Por todos os lados os murmúrios indignados se transformam em um brado: BASTA! 
       Talvez ainda tenhas tempo para mais uma dança, para um brinde a mais. No entanto, quando o punho forte  dos trabalhadores  se abater sobre vós, não tereis para onde ir. 
       Trabalhador, é chegada a hora de sair do marasmo. Este é o momento de quebrarmos as cadeias que até agora nos prendem à miséria, à exploração, à uma vida desumana!
       Quiseram nos conduzir de volta às senzalas, agora só pararemos quando tomarmos os palácios! 
NENHUM DIREITO A MENOS!
FORA TEMER! 

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Um outro mundo ainda é possível

       Com o desmonte das ditaduras stalinistas, quiseram nos fazer acreditar que o capitalismo havia vencido. Disseram que o sistema do capital iria expandir-se e consolidar-se no mundo inteiro, sem contestações. Um historiador estadunidense até declarou o fim da história. Uma parte da esquerda jogou fora a tradição de luta, renegou a revolução e imbuída de um pessimismo impressionante embarcou na aventura do pós-modernismo, uma espécie de purgatório de ideias para quem, embora discorde do capitalismo, já não acredita que possamos derrotá-lo. 
      Mas essa lenga lenga toda era só marketing. Um castelo de cartas que não consegue pôr-se de pé. Dos anos 1990 para cá, o que temos visto não é um crescimento exponencial e sem limites do capitalismo, mas sim um sistema cada vez mais engolfado em crises e que para manter-se busca ampliar mais ainda a brutal exploração sobre os trabalhadores. Desregulamentação, diminuição do Estado e outras ladainhas cantadas pela igrejinha dos liberais não são outra coisa além da busca de uma sobrevida ao combalido sistema que até algumas décadas atrás se declarava imbatível e insuperável. 
     A derrocada econômica brutal das primeiras décadas do século XXI, o ataque a direitos trabalhistas, a proletarização das classes médias e a maior pauperização dos trabalhadores em todo mundo mostram a atualidade de um programa que engloba a Revolução como saída não só da crise, mas do próprio sistema capitalista. Não é uma tarefa fácil. Durante anos, as forças que estavam na direção dos movimentos e organismos dos trabalhadores estiveram covardemente capitulando e desmobilizando a classe, contentando-se com concessões esdruxulas. Durante anos colocou-se esperança nos processos eleitorais da democracia burguesa e desmobilizou-se o movimento dos trabalhadores e ensinaram a nossa geração a esperar pelo herói, pelo líder iluminado. Os lutadores foram solenemente ignorados. Uma boa parte dos trabalhadores deixou-se levar por esse discurso e pela euforia dos governos de frente popular e foram para casa. 
    No entanto, com o aprofundamento da crise, mesmo as migalhas que o capital lançara aos trabalhadores nos últimos anos e que permitiram melhoria de vida para uma parte considerável das classes populares precisou ser tomada. Mais do que isso, os empresário brasileiros precisam até mesmo fazer a roda da história girar para trás e voltar a operar o capitalismo brasileiros nas mesmas condições do início do século XX. Voltar 100 anos no tempo e tornar os trabalhadores dos campos e das cidades semi escravos é o sonho da burguesia brasileira. Cabe aos trabalhadores e movimentos sociais dizer não. 
      Desde 2013 temos visto as ruas serem ocupadas. Primeiro pelos movimentos sociais e pela juventude, acompanhados timidamente pelos trabalhadores. Depois a direita foi às ruas, para dar sustentação ao golpe. Agora, consumado o golpe e diante dos contundentes ataques do governo golpista os trabalhadores voltaram às ruas! É um ascenso que culminou na Greve Geral de 28/04 e que não vai parar por aí!
      É preciso que os lutadores continuem a mobilizar-se e a pressionar as direções para avançar no enfrentamento ao governo e a construir uma alternativa dos trabalhadores à crise! Sigamos na luta! É preciso mobilizar os trabalhadores e os excluídos. O caminho já nos foi mostrado há 100 anos, quando foi realizada a primeira revolução socialista a conquistar o poder: a Revolução Russa!
     Os trabalhadores podem e devem tomar em suas mãos o seu destino e construir uma sociedade mais justa e igualitária!