domingo, 26 de abril de 2020

Pós pandemia

A Pandemia pôs o neoliberalismo em cheque. Depois de anos apostando no individualismo, na exacerbação da desigualdade, na submissão total e completa do Estado aos interesses do mercado, bastou alguns meses para que muitos medalhões da economja mundial entendessem que o neoliberalismo não dá respostas quando se trata de cuidar das pessoas. 
Sua proposta de colocar tudo e todos por conta do mercado levou aos países que aplicaram seu receituário, em maior ou menor grau, a se verem sem equipamentos para enfrentar a Pandemia. 
O mercado não conseguiu universalizar a saúde, afinal, o que sempre desejaram foi maximizar lucros e dividendos. A vida foi, como diz o livro sagrado, pesada, medida e achada em falta. Falta de atendimento, falta de investimento, falta de solidariedade. 
Mais uma vez o Estado teve que entrar em cena. De forma dramática, porque o último ciclo de austeridade desestruturou o setor público, cada governo teve que buscar reconstruir mecanismos de saúde pública, contornando as legislações austeras aprovadas para ofertar ao mercado todo patrimônio das nações. 
Mas, ilude-se quem acredita que a crise econômica, financeira e de saúde derivada do Coronavírus vai sepultar o neoliberalismo. 
Aqui e ali, Keynes volta a ser lembrado, citado e até utilizado. Mas o neoliberal não é fiel aos fatos, nem se exime de dar de ombros e fingir que seu receituário não foi o responsável pela bancarrota de não poucos países. 
Entre os neolib mais fanáticos, os brasileiros inclusos, já se prepara o retorno a austeridade, depois desse período em que o Estado teve que ser reanimado e colocado para funcionar para impedir o pior. 
Por isso, quem acredita que é possível outra economia, que é possível uma alternativa, deve se organizar. Debater, propôr e colocar em panos limpos e a vista de todos o papel das medidas de austeridade para nós colocar no beco sem saídas em que estamos metidos. 
E, apesar de ter citado, não falo do velho Keynes e da sua receita para salvar o sistema capitalista. Precisamos ir além. A crise que está posta diante de nós precisa de saídas que não podem ser desenhadas dentro dos estreitos limites que o capital nos deixa para atuar. 
Precisamos ousar. Uma política econômica vinda dos de baixo, anticapitalista e construída coletivamente. Enquanto isso, manter o isolamento social é estratégia basilar para vencer o covid-19
O Estado deve proibir demissões e assumir os salários dos trabalhadores para que estes possam permanecer em isolamento social; O Teto de Gastos deve ser revogado, bem como a reforma da previdência. Além de outras medidas que apontam a necessidade de uma maior solidariedade entre os de baixo. 
Sindicatos, movimentos populares e todas as lutadoras e lutadores precisam se esforçar em prol da unidade de todos os explorados. Para vencer o vírus e as políticas de morte neoliberais. 

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Propósitos de escritor

O estimado leitor que veio até aqui, curioso, pelo título, devo desapontá-lo. Nem eu sei porque coloquei as palavrinhas acima para nomear este ensaio que é.fruto.da modorra de uma quarta-feira de abril, na quarentena que o Coronavírus nos impõe. 
Chega a ser cômico, que a salvação do mundo como conhecemos esteja justamente em não fazer nada. Em ficar, passivamente, vendo o tempo passar em casa. 
Já que é assim, escrevo. Escrevo a esmo em folhas soltas de papel. Escrevo aplicadamente minhas tarefas na agenda. Escrevo no celular,.no tablet, no note. Escrevo gentilmente na espera de que tantas letras façam sentido a mim e a quem lê.  
Acho que escrevi, aqui mesmo, em algum texto anterior, que adoro escrever. Desde criança amava ver as letras saindo, assim tortinhas (péssima caligrafia, não importaram as zilhões de cópias que minha mãe me obrigou a fazer) da ponta do lápis, depois da ponta da caneta, sobre o papel. 
Lembro que ainda antes da adolescência pus na cabeça que deveria escrever um livro. E o escrevi. Sim! Dezenas de contos, que, infelizmente, nunca foram publicados e dos quais nenhuma linha sobrou para testemunhar o esforço. 
Foi um trabalho caprichado, todo feito a mão e ilustrado pelo autor. Falava de coisas do cotidiano, das descobertas que fazia, dos desenhos que assistia. Falava da escolinha.que frequentava, dos colegas... 
Quando dei a obra por concluída, senti-me, orgulhoso! Não sei se algum de vocês que me lêem tiveram alguma experiência parecida. Mas para mim, me propôr a escrever aquele e finalmente terminá-lo foi a apoteose. Deveria ter umas cinquenta páginas. Folhas de A4 em sua maioria, mas lembro que tinha folhas de caderno e algumas folhas de papel pardo e até de papel almaço. Não me lembro do título. Sei que minha tia usou um perfurador e com uma fita atou as páginas, "encadernando" minha obra. 
Não sei se alguém leu o livro. Via os adultos folheando e me elogiando, mas nunca vi alguém lendo, de verdade algum texto. Na época isso não me desanimou. Escrevia mais para mim mesmo do que para outros... E acho que pouca coisa mudou.
Por isso, quando no dia 10/04 passado, vi que havia sido indicado para concorrer a um prêmio por um conto que escrevi, me lembrei dessa história, ocorrida a tanto tempo. Nem lembrava mais. Naquele tempo sonhava ser escritor, sem nem saber que era isso que eu queria. 
Hoje, com artigos publicados e contos aparecendo por aí, em algumas coletâneas, posso dizer que aquele sonho imberbe se realizou, quase que sem querer, podemos dizer assim. 
Até aqui, muita gente me ajudou. A todos o meu muito obrigado. A você, leitor, que me acompanha, um abraço. 
A minha musa eterna, que vem desde o natal de 2009, compartilhando comigo sonhos e lágrimas, minha dedicatória apaixonada. 
Continuem acompanhando. Mais coisas virão por aí. 
P.S. A indicação de que falei no texto, foi ao Prêmio Strix da Editora Andross. No mês de outubro vamos ver se o conto "O Pássaro" publicado na Antologia Frequência Insólita vai alçar um voo mais alto!