segunda-feira, 12 de março de 2018

Fica bem, Benfica

Desde a sexta-feira que me sentava a frente do computador para escrever sobre o Benfica e não conseguia. Por quê? Porque o Benfica é um bairro de Fortaleza que chega a ser mitológico! Lugar onde se conjuga lazer, diversão, esporte e educação em uma cidade tão carente de espaços para a juventude.
Comecei a frequentar o Benfica ainda criança. Para ver os jogos de futebol no PV. Adolescente, estudante da antiga Escola Técnica, hoje IFCE, o bairro passou a ser parte da minha rotina diária, de segunda a sexta estudando, nos fins de semana indo para reuniões da minha corrente política. O Benfica nunca saiu de mim, embora eu tenha abandonado os estudos, embora tenha ido morar em outras cidades.
Tempos depois, me reencontro com o Benfica. De volta a Fortaleza, fui aluno de mestrado da UFC, e sindicalizado junto ao SINTUFCE, cuja sede fica ali na praça da Gentilândia. Voltei a ter uma convivência com os dias e as noites do Benfica, com suas instituições de Ensino, com seus restaurantes e barzinhos, com seus moradores de rua, antes de um reencontro com o bairro, foi um reencontro comigo mesmo.
 Talvez por isso tenha sido tão forte a sensação de perda que eu tive quando soube da chacina. Quando soube que o sangue da juventude voltava a ser derramado de novo em um ato violento, dessa vez não em uma periferia, mas num bairro tão cheio de significados, acredito, para todos nós que vivemos em Fortaleza.
A falida política de segurança pública, que desde meados do século XXI consiste em aumentar a repressão com mais e mais PMs nas ruas, construir mais presídios e cadeias, mostrou-se de novo ineficiente. A cada mês, Fortaleza é pontilhada por chacinas, que não incomodavam tanto a elite, enquanto se concentravam nas periferias. Extermínio da juventude pobre e preta pela polícia e pelo crime organizado nas periferias, não comove.
Atingir o coração da classe média de Fortaleza é um escândalo! Notas são escritas na mesma velocidade das balas que mataram os jovens, a revolta se estende por todos os lados... muitos, só agora veem que a violência na cidade está fora de controle.
Há tempos que o Benfica tem sido alvo da ação de criminosos. Criminosos, que não precisam ter armas nas mãos para assaltar, matar e destruir, criminosos que, se aproveitando da democracia burguesa, elegeram-se para destruir a educação, a saúde e o lazer do povo pobre brasileiro. Criminosos que escondidos sob o capuz do nacionalismo, cultuam as suásticas e espalham o ódio. Chega! Nós, trabalhadores e trabalhadoras, a juventude não vamos desistir de nossos espaços! O Benfica é educação, o Benfica é cultura e principalmente RESISTÊNCIA!
A elite criminaliza a juventude pobre quando ela não se mantém nos espaços que lhe determinaram. A elite deseja que o trabalhador seja invisível. Ela quer manter os espaços da cidade separados, não permite que tenhamos, diversão, lazer, cultura e educação. Mas a violência está uniformizando-os. Batendo a sua porta. As contradições do capital se avolumam nessa cidade desigual e o resultado é o extermínio do povo pobre, do povo preto, dos trabalhadores. Já passou da hora de acabar com isso!
Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, então que morra! (TROSTKY)

quinta-feira, 8 de março de 2018

Nada a perder



Proletário a penar,
Com teu suor, sangue e
Tristes lágrimas, d'outro
A riqueza, constrói,
Sem deixar de sonhar
No possuir seus louros

Palácios suntuosos
Ele ergue enquanto corre
Vive, sofre, tem filhos
E finalmente, morre
Em míseros casebres
Dos locais populosos

Rezando a um Deus que nem
Conhece, segue crendo,
Na aguardada mudança,
Espera, não perdendo,
As caras esperanças
Que o tempo melhor vem

Precisas entender,
Nada tens a perder,
Se tua cabeça erguer,
Sacudir de si o jugo
E fazer desse mundo
Mesmo seu paraíso