quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Um diálogo



“Ela é linda!”
“Mas não é pro teu bico!”
“Por que não?”
“Por isso, por ser linda! Uma mulher assim nunca, nunca iria se encantar por você.”
“Ah, me deixa sonhar...”
“De jeito nenhum, todas as vezes que eu me omito você enfia os pés pelas mãos e nós dois pagamos o pato!”
“Você já pensou em, um dia, só um diazinho, me ajudar um pouco? O resultado poderia ser diferente.”
“Não vale o risco. Se comigo me opondo, você já faz o que faz... Anda esquece, vamos seguir adiante.”
Se todo diálogo entre o coração e o cérebro fosse assim, quanta dor não teria sido evitada? Mas ao mesmo tempo, quantas obras maravilhosas nunca teriam sido realizadas, quantos livros não deixariam de ser escritos e quão insípida seria a nossa vida. Porque até quebrar a cara por amor é algo doce... Arrisque-se!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Sobre ombros de gigantes!

                      Aposto que boa parte dos que chegam a essa página já ouviram falar de Shakespeare, Virgílio, Homero, Cervantes, Dante, Omar khayyam, Sun Tzu e muitos outros autores e suas obras que de uma forma ou de outra marcaram o mundo em que vivemos. Escritos com séculos e mesmo milênios de idade ainda hoje são lidos e relidos, inspiram novas obras e novas formas de expressão. Talvez você nunca tenha lido uma obra de Shakespeare, por exemplo, mas já viu as dezenas de adaptações dessas obras para o cinema. Nunca nem pôs os olhos na Ilíada, de Homero, mas emocionou-se também com a súplica de Príamo a Aquiles pelo corpo do filho Heitor, que você no épico Troia, enfim, é muito difícil que durante nossa vida não tenhamos algum tipo de contato com estes autores, que mesmo tendo partido a tanto tempo deixaram a sua marca em nós.
                     A cada dia a modernidade nos cerca de conforto e segurança. Ela nos permite uma liberdade desconhecida aos homens até pouco tempo atrás. E nos permite ter um acesso até pouco tempo atrás impensável a essas obras grandiosas que formam o escopo do que a Humanidade foi, é e se tornará. No entanto, poucos têm se aproveitado disso. Quantos leem sinopses, adaptações ou mesmo apenas assistem a versão cinematográfica? Mesmo nas universidades nos acostumamos a ler excertos das obras, nunca completa, num modelo de ensino especialista que nos limita ao invés de nos fazer romper as cadeias!
                     Leiam, camaradas, não se satisfaçam com o pouco que nos oferecem de cultura. Busquem na internet e você obterá as obras em uma mídia qualquer! Busquem entender! Sois cristãos? Leiam Agostinho, Aquino! Bebam na fonte dos que moldaram a sua religião! Mas não deixeis de ler Nieztche e outros que lhe fazem contraponto! Inteirem-se, busquem, procurem entender as discordâncias e as várias perspectivas entre cada autor, que escreveram influenciados por seu tempo, por sua vivência. Reflitam, que importa que suas convicções sejam abaladas? O que importa é que fazendo isso, cada um de nós pode ter certeza de que está evoluindo e se tornando uma pessoa melhor. Contrariar as verdades estabelecidas faz parte dessa história de ser humano!
Newton dizia que só pode ir tão longe em suas descobertas por estar apoiado em ombros de gigantes. Hoje o próprio Newton é um gigante, a cujos ombros podemos nos apoiar! Façamos isso então! E vocês verão que isso não apenas vai enriquecê-los de conhecimento, mas lhe proporcionará muitos sentimentos. Alegrias simples, como rir-se da ingenuidade de Sancho Pança, em Don Quixote, ou admirar-se com a sabedoria dos personagens das Mil e Uma Noites, encantar-se com os poemas do Rubayat ou comover-se com a trágica história de Otelo.
                    Está tudo aí, a um clique de distância. Nunca antes estas obras estiveram tão disponíveis a tantas pessoas. Aproveitemos. Conheçamos, subamos nós também nestes ombros gigantes e contemplemos o mundo com novos olhos!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Romaria das Candeias

                       Até onde minha vista alcançava era o mundaréu de povo. Muitos com velas nas mãos, outros com lamparinas, outros mais jovens com pequenas luminárias a pilha, mas todos sem exceção com alguma luz nas mãos. A Romaria de Nossa Senhora das Candeias é a primeira romaria do ano em Juazeiro do Norte. A cidade recebe vistantes de todo o Nordeste, muitos para agradecer bençãos conquistadas, outros para fazerem seus pedidos nesta terra abençoada pelo homem que o povo fez Santo, apesar da oposição da Igreja.
                      Minha curiosidade me levou a ver a procissão. A fé, principalmente aquela revelada pelas práticas de religiosidade popular sempre me atraíram. Pensei em ver a multidão passar de uma esquina qualquer e depois ir-me embora. Quando dei por mim estava no meio da multidão. Caminhava junto com aquela gente. Observava os velhos que andavam resignados, os olhos postos no céu, como que a esperar que estes se abrissem para recebê-los. Via os jovens passarem sorrindo, olhares ávidos uns aos outros. Vi famílias, avós, pais, filhos, netos, seguindo juntos pela rua iluminada pela chama das candeias. Vi a fé simples do romeiro que seguia descalço, e pude notar a alegria dos que conduziam a santa.
                      Nunca fui católico. Passei anos da minha vida como evangélico. Mas uma coisa que aprendi é que toda a Fé, no que quer que seja, em quem que seja, merece respeito. Porque mesmo os que não acreditam em Deus ou em um ser divino, tem fé em alguma coisa, acredita, põe sua confiança, seja na humanidade, seja na sua ideologia ou qualquer outra coisa, porque viver a Fé é algo inerente a todos nós seres humanos.
                      O tapete de luz nas noites de 02 de fevereiro em Juazeiro do Norte é um desses momentos em que percebemos o quanto somos capazes de criar coisas tão simples e, ao mesmo tempo, tão belas. E cada participante saiu dali, creio eu, certo de que sua prece foi ouvida e esperançoso nesta jornada que todos compartilhamos, a qual chamamos de vida.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

                 A Fé é algo realmente fantástico. De acordo com os evangelhos ela pode mover montanhas, isso ainda não houve quem provasse, mas é certo que ela move multidões, e muito, muito dinheiro, isso é facilmente percebido ao olharmos para as as diversas religiões que pululam hoje pela face da terra.
                 Se no início de nossa era Jesus e seus 12 apóstolos, conseguiram apenas uma audiência ínfima, enquanto realizavam suas pregações e curas itinerantes pela Galileia e, no momento em que obteve seu maior público, uma crucificação, hoje, rádios, tvs, gravadoras e muitas outras mídias e canais transmitem 24 horas por dia uma mensagem que se diz cristã, mas cujo conteúdo é bem diferente do que Jesus pregava em sua época.
                 O galileu pregava o desapego aos bens materiais, este em seu programa diz que você tem que tomar posse.  Jesus dizia que não havia necessidade de longas orações porque, Deus já sabia do que precisávamos antes de formularmos o pedido, este outro na TV diz que você tem que ser específico no seu pedido, se quiser ser atendido... e por aí vai.
                 E ainda tem o esporte preferido dos nossos religiosos atuais: falar da fé alheia. Não basta adorar a Deus da forma como sua igreja o faz, é preciso atacar a forma utilizada pelas outras religiões e igrejas, numa busca incoerente da melhor maneira de chegar a Deus. Esquecem que cada ser humano te em si uma centelha do divino que os guia e orienta e que não é preciso chegar-se até Deus, ele está sempre conosco.