O carnaval brasileiro se insere na mais pura tradição de misturar o sagrado e o profano. As cidades são divertidas: já não são mais espaços de trabalho e moradia.Transformam-se em espaços de diversão, de folia.
A cultura transborda como as águas e flui como um rio nas cidades grandes e pequenas, onde as multidões se misturam, fazendo aflorar o que há de bom e o que há de ruim na sociedade. Afinal, o período carnavalesco não pode deixar de refletir a sociedade da qual se origina.
E a economia também se faz presente. Hotéis, casas de shows, restaurantes e uma miríade de trabalhadoras e trabalhadores precarizados aproveitam dos dias de festa para, os últimos retirarem algum para sobreviver e os demais para auferir lucros.
Mas ainda há machismo, lgbtfobia, abusos de toda espécie. Em meio a alegria, as sombras espreitam e muitas vezes crescem. E o rastro de maldade e violência que deixam serve de mote aos conservadores para sua grita contra o carnaval.
Mas ainda assim, o período não é de mortificação. É de vida. Que como os foliões pulula por todo canto.
Então, quando menos de espera, chega a quarta-feira de cinzas. E de repente o mundo que parecia ter descarrilhado se encaminha de forma rápida para os trilhos e as cidades, novamente, retornam à rotina.
E ao povo, que volta para o batente, para a realidade dura, resta esperar pelo carnaval seguinte.
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