quinta-feira, 28 de março de 2024

Páscoa

A festa da Páscoa era a data mais importante do judaísmo. No século I, na Palestina ocupada pelos romanos, a celebração da libertação do Egito sob a liderança de Moisés, não tinha significado apenas religioso, mas, principalmente, político. Não à toa, o governador romano saía de Cesaréia e se estabelecia com toda sua guarda em Jerusalém. 
E a cada Páscoa, a tensão aumentava e não poucas revoltas tiveram como palco a festa pascal. 
Jesus e seus seguidores, como devem ter feito durante toda a vida, deixaram a Galiléia e foram a cidade sagrada, único local em que os judeus poderiam fazer sacrifícios ao seu Deus. 
O movimento de Jesus era pequeno. Alguns poucos discípulos. Algo em torno de trezentas, quatrocentas pessoas. A maior parte galileus pobres. João Batista, morto no começo do ministério de Jesus, liderava um movimento bem maior. Agora, Jesus chega a Jerusalém e, diferente das demais vezes, ele realiza pregações e intervenções públicas. 
Uma mensagem religiosa, sim, mas potencialmente explosiva. Uma pregação que retirava a autoridade dos escribas, sacerdotes e outros doutores da lei, que além de controlar o acesso ao sagrado, controlava as massas, deixando-as dóceis para o jugo romano. 
Em seus últimos momentos junto aos seguidores, partilhou o pão e o vinho, como mostra do que deveriam continuar a fazer.
Em apenas seis dias, Jesus foi preso, seus seguidores dispersos, foi julgado por autoridades judaicas e romanas, condenado e executado. 
Mas, no domingo de Páscoa, terceiro dia após sua crucificação como revolucionário, que buscava libertar a Judéia de Roma, mulheres, sim, simples mulheres, testemunhas que, àquela época, não tinham credibilidade, espalharam entre os seguidores, que Jesus ressuscitara. O resto é história. Ou religião. 
O fato é que um judeu simples do século I, mudou para sempre a face do mundo. 
Sou cristão. Acredito que Jesus ressuscitou. E que ele é Deus que se fez homem e, concordando com Dom Pedro Casaldaglia, Deus que se fez classe na oficina de José. 
A páscoa é a celebração de um Deus, que ousou não só viver entre nós, mas entregar a vida por todos nós, para ensinar a cada um dos que querem segui-lo, que é no servir que nos fazemos grandes. Que o amor é a mais poderosa arma que temos. Ele entregou a vida por todos nós. E, como ele pediu, precisamos ser seus imitadores. Amemos tanto quanto ele nos amou. 
Mudemos o mundo como ele mudou. Para que todas e todos sejam iguais. 
O meu Cristo é revolucionário sim! Lutou pela igualdade sim, andou com pecadores, prostitutas e miseráveis. Foi Deus, principalmente para os excluídos. 
Somos todos, querendo ou não, influenciados por esse galileu, que hoje foi sequestrado por fundamentalistas tão rudese hipócritas, como aqueles contra os quais Jesus pregou. Inventam um outro Jesus, amigo da ordem, dos ricos, estimulador do exacerbado individualismo neoliberal e que é o simples reflexo deles mesmos. 
Feliz Páscoa! Nunca esqueçamos que Jesus foi, é e será Deus conosco! 

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