sexta-feira, 23 de junho de 2017

Fim dos sindicatos? Uma nota sobre a organização dos trabalhadores

    Quantas vezes você ouviu por aí que o fim dos livros chegou? A cada nova tecnologia muitos se apressavam em apregoar o fim do livro: foi assim com o rádio, a TV, o computador, a internet e mais recentemente com os tablets. Mas o livro continua aí firme e forte. Esses dias observo que isso tem uma analogia muito boa com os sindicatos e outros organismo de organização dos trabalhadores e estudantes. Desde que iniciei, ainda como estudante secundarista, minha militância, que conheço pessoas que declaram o fim dos sindicatos, CA's, DCE's, etc.

     Muitos camaradas apresentam essa posição como revolucionária, como se fosse uma opinião que poderia mudar tudo dentro do movimento dos trabalhadores. Quantas vezes não se houve dizer:"os sindicatos não tem mais representatividade", "os trabalhadores não acreditam mais no sindicato", " os sindicatos não tem mais poder de mobilização" e por aí vai.

    Engraçado é que geralmente você escuta isso em assembleias, plenárias e outras atividades convocadas pelas entidades! Não é contraditório? Você atende uma convocação do sindicato, e vai lá dizer que ninguém se mobiliza mais pelos sindicatos?
    É certo que nos últimos anos tivemos uma situação atípica: a chegada ao poder PT, que dirigia e ainda dirige boa parte das entidades sindicais do país. Essa conjuntura, onde um governo de coalizão governava para os ricos e fazia concessões vultuosas para os trabalhadores levou, sim, a uma acomodação das direções que acabou por refletir-se na base.
   
Aqui e ali, importantes movimentos de contestação colocaram novas direções a frente do movimento e houve reestruturações importante com o surgimento de novas forças para disputar a direção das diversas bases. Este é um processo que ainda não está encerrado. E que agora se acentua, quando a conjuntura coloca os trabalhadores sob ataque. O golpe legislativo que apeou o governo petista do poder foi a solução que o Capital encontrou para promover a retirada de direitos e assim deixar a conta da crise para os trabalhadores e os demais oprimidos.
   As velhas direções, acostumadas a travar as lutas contra o governo que apoiavam (e que em troca lhe dava meios de sobrevida) tiveram que retirar dos depósitos as bandeiras vermelhas e os gritos de guerra e partir para o enfrentamento com o governo golpista e com a burguesia. Mas fazem isso porque pressionados pela base e de forma vacilante. Não querem fechar canais importantes de diálogo com a burguesia, caso consigam voltar ao poder por via eleitoral. Eis o grande problema da nossa época! Não são os organismos dos trabalhadores, mas as direções que estão desgastadas e que não oferecem um programa de enfrentamento consequente.
  O atual ascenso do movimento dos trabalhadores deixa isso bem claro. Convocados, ainda que timidamente, os trabalhadores atenderam ao chamado e foram às ruas! Só este ano tivemos uma grande greve geral e mais de 150 mil trabalhadores ocuparam as ruas de Brasília! Sem falar dos inúmeros atos, dias de luta e assembleias que se realizam em todo o país. Isso mostra a força da classe trabalhadora. Mostra que ainda existe força por parte dos sindicatos para mobilizar as bases. Mas é preciso que as direções avancem. As velhas direções não podem levar suas bases para uma luta consequente, pois que caiam, que sejam substituídas pelas centenas de novos lutadores que se colocam hoje à frente de seus camaradas para derrotar as ofensivas do capital e de seus agentes! É preciso construir em cada categoria, em cada local de trabalho, a partir da base essa alternativa, que não pode ser só organizativa e sindical, mas deve ser também socialista e revolucionária.
   É preciso envolver a base, fazê-la entender que a representação sindical é parte dela, não algo separado. Sindicatos são ferramentas de luta dos trabalhadores, mas é preciso que a base esteja no dia a dia das ações, junto com a direção para que os trabalhadores possam adquirir experiência para as tarefas vindouras, quando enquanto classe tiver que assumir o comando do Estado.

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