sábado, 24 de junho de 2017

Viva São João

Nostalgia! Lutava desde ontem para encontrar uma palavra para descrever o que sinto neste Juazeiro do Norte! Pelas ruas, nas calçadas, nos terrenos baldios, enfim, onde quer que se encontrasse espaços as fogueiras crepitavam! Véspera de São João e a cidade se transforma em um grande "arraiá" coberta de bandeirolas, com os tradicionais arranjos com folha de coqueiro e as indispensáveis brincadeiras juninas que integram adultos e crianças!
E o sentimento de nostalgia é o fato de que tudo isso me lembra da minha infância, num bairro da periferia de Fortaleza, onde nos anos 1980, ainda se mantinha acesa essa tradição junina. Nos anos 90, com a chegada do asfalto, a urbanização acelerada e a especulação imobiliária selvagem, não se acenderam mais as fogueiras e os folguedos juninos foram confinados a dias específicos nas escolas e nas poucas praças do bairro. Hoje, dificilmente encontramos uma festa verdadeiramente popular em Fortaleza. Daqueças que, sem o poder público organizando ou sem o patrocínio das grandes empresas, fazia-se em conjunto com os vizinhos, onde cada um, do pouco que tinha, contribuía para a diversão de todos.
Aqui em Juazeiro, logo na manhã de 23 sentia algo diferente! Feliz São João, tenha um bom São João, eram os cumprimentos nas ruas! O comércio fechando mais cedo, as pessoas, no fim da tarde providenciando os ultimos acertos nos preparativos, tudo isso dava à ocasião um clima que há muito não via! A cidade respirava tradição! A noite foi pontilhada pelas chaamas das fogueiras e teve seu silêncio quebrado pelos estampidos das bombinhas, enquanto o céu, tinha além das estrelas, vários balõezinhos brilhando.
Hoje de manhã, o da fumaça era o principal cheiro no ar. Cedinho, a cidade dormia e parecia ressonar como um grande Dragão, com a fumaça tênue de centenas de fogueiras em cinzas a tomar conta das ruas.
Que Juazeiro do Norte, essa metrópole do sertão, continue assim, crescendo, sem esquecer da tradição, sem deixar que em troca de umas poucas alegrias proporcionadas por esse Capitalismo Selvagem, perca a verdadeira alegria, que é ao lado da sua religiosidade, a grande riqueza do povo do Cariri.

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