quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Falando um pouco de cidades

            Em sua grande maioria, as cidades brasileiras são caóticas. Pequenas, médias ou grandes, estas cidades, obrigam seus habitantes a viverem em um caos ininterrupto. Trânsito complicado, crescimento acelerado e desorganizado, a escassez de serviços de qualidade. E isso convivendo lado a lado com a especulação imobiliária, onde os poderosos buscam por todos os meios empurrar para áreas cada vez mais distante a população pobre. População essa que permanece alheia a equipamentos de educação e lazer, porque estes se concentram em áreas distantes das periferias onde moram.
             Outra questão delicada é a do transporte. Nos últimos anos a população foi estimulada a adquirir seu carro próprio em detrimento do transporte público, que foi, em muitos casos, deixado a cabo da ganância dos empresários do ramo. Uns poucos ônibus sucateados, sem uma rota específica e sem horários determinados eram oferecidos à população que não podia realizar o sonho de ter seu próprio carro. Um círculo vicioso. Um mal serviço de transporte coletivo leva o usuário a adquirir, mesmo a custa de dívidas imensas, o seu carro. A diminuição da renda das empresas as leva a investir ainda menos em manutenção e qualidade, o que faz com que mais pessoas se afastem do serviço. E tudo isso acompanhado pelo inchaço das vias, tomadas por carros, que se acotovelam por espaço, enquanto um único condutor atrás do volante agradece a Deus a sua individualidade, por não estar no ônibus lotado que segue ao lado.
            Tudo isso caracteriza a privação do acesso a cidade para as camadas populares. Isoladas nas periferias, para onde foram empurradas pela busca incessante de novas oportunidades de ganhar dinheiro das construtoras, as classes populares não tem contato com as áreas nobres, que nitidamente não tem espaço para elas.
             Assim também os poderosos se encastelam em seus condomínios fechados, com sua segurança privada e sua busca alienante por garantir suas prioridade no consumo e na cidade.
             A cidade deve ser de todos ou não será de ninguém. Da forma como está evoluindo, um apartheid não oficial se projeta e pode degringolar em violência gratuita. A solução deve partir dos trabalhadores, organizando junto a eles sem tetos, moradores de ruas e demais excluídos, numa busca de mudar os parâmetros que o Capital lega às cidades e transformar nossas cidades em verdadeiros espaços de vivência comunitária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário