quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

I, Daniel Blake - Se tiver oportunidade, assista!

Sábado de sol, curtindo Fortaleza (vivo entre a Capital e o Cariri), resolvo ter uma tarde de cinema. Vou ao Cine do Dragão do Mar e volto de lá com uma grata surpresa. Refiro-me ao filme de Ken Loach, "I, Daniel Blake".
Sempre acreditei que o cinema deve levar mais do que entretenimento, diversão às pessoas. Ele deve também, informar, levá-las a refletir. E este filme com certeza de leva a pensar. A pensar muito. E porque não, te levar a questionar algumas verdades, consideradas eternas pelo Sistema Capitalista em que somos obrigados a viver.
A Europa, desde a crise de 2008 vem se desfazendo do seu Estado de Bem Estar Social. Aqui na América do Sul, onde o Estado de Bem Estar Social sempre foi um arremedo do que os trabalhadores europeus podiam contar, muitas vezes não temos a noção do drama que vivem os europeus ao se verem destituídos de direitos elementares.
I, Daniel Blake é um grito de revolta contra isso. Contra a vertigem do Capital que deseja perverter toda e qualquer relação. Contra a desumanização das relações, onde o sistema te obriga a ser apenas um número e como tal perder sua individualidade, sua condição de humano!
A luta de Daniel por receber seu auxílio doença é a mesma luta de milhares de trabalhadores que perderem seus empregos durante a crise, apenas para que os grandes bancos pudessem pagar polpudos bônus para seus acionistas majoritários. Uma luta que não é britânica, nem tampouco Europeia, mas de todos os trabalhadores do mundo!
Se você ainda é capaz de se indignar assista este filme e saia da sala de cinema disposto a construir uma resposta àqueles que desejam que não passemos de recursos, de números!
Durante todo o  filme você vê como o Estado abusa e despreza os trabalhadores, obrigando-os ao sub-emprego, à indigência e à prostituição. Vemos os burocratas se recusando a olhar os que buscam auxílio como semelhantes, como pessoas. É assustador ver como somos engolidos pela papelada, por infindáveis formulários, por entrevistas sem sentido, apenas com o fim de dificultar o acesso a direitos, muitas vezes básicos.
Um outro mundo é possível ? Acredito que sim, mas ele deve ser gerado agora por nós, com nossas mãos! Devemos dizer um basta a poucos com tanto e muitos com quase nada. Como dizia uma pichação num certo muro de Paris, em Maio de 1968: Sejamos realistas, peçamos o impossível!

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